Gente, desculpa por não estarmos postando mais. Mas hoje eu trouxe um poema de um amigo muito querido, Matheus de Castro, este é um lindo poema à sua amada:
“Vinde cá, Amada Imortal, minha tão cara dama, presença angélica, figura
celestial. Ouve, pois os meus rogos, que agora ponho em papel, com que a
pena desafogo! Da filosofia fiz-me pupilo, apliquei minha inteligência
nos destinos dos homens e de tal modo que, pois já de acertar /ordenar
estou tão fora, não me culpe também, se nisto errei. Sequer este refúgio
só terei: falar e errar sem culpa, livremente. Triste quem de tão pouco
está contente! Já me desenganei que de queixar-me não se alcança
remédio; mas, quem pena, forçado lhe é clamar, se a dor é grande.
Clamarei; mas é débil e pequena a voz para poder desabafar-me, porque
nem com gritar a dor se abrande. Quem me dará sequer que fora mande
lágrimas e suspiros infinitos iguais ao mal que dentro n'alma mora?”
Enfim direi o que me ensinam para que possas entender porque ouvir os
rogos que lhe faço. Ou seja, deveis ouvir o que eu te peço por este
motivo: “És formosa, amiga minha, como Tirsa, graciosa como Jerusalém,
temível como um exército em ordem de batalha./ Desvia de mim os teus
olhos, porque eles me fascinam. Teus cabelos são como um rebanho de
cabras descendo impetuosamente pelas encostas de Galaad./ Teus dentes
são como um rebanho de ovelhas que sobem do banho, cada uma leva dois
(cordeirinhos) gêmeos, e nenhuma delas é estéril./ Tua face é como um
pedaço de romã debaixo do teu véu./ Há sessenta rainhas, oitenta
concubinas, e inumeráveis jovens mulheres;/ uma, porém, é a minha pomba,
uma só a minha perfeita; ela é a única de sua mãe, a predileta daquela
que a deu à luz. Ao vê-la, as donzelas proclamam-na bem-aventurada,
rainhas e concubinas a louvam./ Quem é esta que surge como a aurora,
bela como a lua, brilhante como o sol, temível como um exército em ordem
de batalha?” (Cant. 6, 4-11). Por isso, deves ouvir os rogos, as
propostas, que presentemente lhe exponho:
1.
Por que a gente não deveria sublimar o nosso Eros, o nosso gostar, o
nosso buscar o Bom no Belo, em melhora um pro outro até que essa vontade
possa se manifestar de tal forma que ela seja imperativa categórica, na
qual eu e tu sejamos fins uns dos outros, não simplesmente um meio de
prazer?
2. Deveremos agir por forma a que possamos pensar de nós próprios como
leis universais legislativas através das nossas máximas. Podemos pensar
em nós como tais legisladores autônomos apenas se seguirmos as nossas
próprias leis. Aí entra a melhora proposta por Eros, quando entendido
por Diotima de Mantinea (“Eros é buscar o Bom no Belo”). E então quando
agirmos de tal forma que nossa ação for uma máxima, pensando cada um no
outro como um fim a atingir, consumaremos nosso amor, isto é,
transformaremos nossa filosofia em práxis, porém sem descartar a
filosofia. Mas não é nada platônico porque aos poucos, na medida em que
formos melhorando, vamos aos poucos reconstruindo a prática do nosso
amor. E demonstrando assim a ciclicidade da história, agindo
dialeticamente nesta, mudando a conscienciosamente, de tal forma que não
a repetimos como farsa.
Aceita, pois, ó dama, minhas propostas?
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