Então a ignorância lhe daria um nariz arrebitado, o egoísmo seriam olheiras profundas, hipocrisia menos dois dentes da frente.
Com certeza algumas pessoas por aí seriam bem diferentes. Aspereza teria um cabelo bem arrepiado, medo lhe faria ser baixinho e insegurança, dedos tortos. Impiedade, um umbigo pra fora.
Alguém que tenha amor ganharia olhos grandes e brilhantes, caridade lhe daria mãos perfeitas, indecisão lhe daria uma boca mais cheia em baixo que em cima, felicidade lhe daria panturrilhas fortes. E dentes separados seriam culpa da sua culpa da sua mania de julgar, impaciência se transformaria em cera de ouvido, e a mentira meleca.
O altruísmo fariam com que as unhas encravadas sumissem, o pessimismo iria criar uma coceira nas costas, já o otimismo espremeria suas espinhas.
Talvez a beleza seja injusta com a alma, pois talvez queria ter um nariz perfeito seja quem doa um quilo de arroz e não quem fere com palavras. Talvez mereça um corpo escultural quem ama e protege, e não quem vê sua carteira.
Mas o que eu posso falar sobre isso? Nada, já que não sou beleza nem alma. E se minha alma fosse beleza, talvez a situação só piorasse.
Valéria Brum
A Futura Escritora.
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